segunda-feira, 11 de julho de 2011

Feito pelo Espírito



Um homem que trabalhava numa emissora de televisão aceitou um convite para assistir a um drama encenado na igreja, sobre a morte e ressurreição de Jesus. No final, o pastor solicitou que os espectadores telefonassem para a igreja, caso quisessem comentar o que viram e ouviram. Simão, que era um cético, telefonou no dia seguinte e agendou uma hora para falar com o pastor.

Mais tarde, naquele mesmo ano, após vários encontros e muita busca espiritual e meditação, Simão decidiu aceitar Jesus como seu Salvador. Ele cresceu rapidamente na fé e no ano seguinte já fazia parte do elenco do drama.

Este tipo de testemunho é incentivador, porque sempre parece que nossos esforços para acender a luz do Evangelho em nossas comunidades encontram resistência.

No texto bíblico de hoje, os judeus, que antes estavam no exílio, tentavam reconstruir Jerusalém e encontravam oposição  de seus vizinhos. Deus lembrou-lhes que o sucesso não viria do poder ou força humanos, mas pelo Espírito de Deus (Zc. 4. 6).

Como parte da Igreja de Cristo, podemos nos sentir desencorajados pela resistência ao Evangelho. Também precisamos lembrar que a obra de Deus não é realizada por nossa força ou poder, mas pelo Espírito Santo. Nossa responsabilidade é falar fielmente em Seu nome e deixar os resultados por conta dele.

Trabalhar o coração é obra de Deus – não nossa.
Fonte: PD - RTM.

sábado, 9 de julho de 2011

Futebol na Cadeia de São Vicente

Hoje tivemos um tempo muito especial juntos com nossos irmãos detentos da Cadeia Civil de São Vicente. Uma manhã de futebol e alegria onde o esporte pode proporcionar um momento onde a amizade, harmonia e o respeito ditaram o ritmo do jogo. Em comemoração aos 11 anos da Equipa de Futebol dos Reclusos, disputaram a taça e as medalhas a Equipa da Guarda da Cadeia e a Equipa dos Reclusos. Após um empate 2X2 nos pênaltis os Reclusos levaram a melhor! Louvamos a Deus pela oportunidade e abertura para que a igreja pudesse participar deste momento. O Sr. Diretor Manuel Cândido tem aberto o espaço para que toda sexta-feira possamos ensinar a Palavra de Deus aos reclusos num número de quase 50 e as reclusas num número de 13. Orem para que aqueles que já entregaram a vida ao Senhor Jesus possam crescer na Graça e no Conhecimento e um dia se batizarem também. Abaixo algumas fotos do evento:




Ao final tivemos um agradável lanche e confraternização!



No amor do Pai

Pr. William




quinta-feira, 7 de julho de 2011

Evangelho e Cultura

Para iniciar nosso estudo, trabalharemos três conceitos de missões:

• Fundamentalismo missiológico: Rejeita a cultura, demonizando-a e se fechando para aquilo que ela pode oferecer.

• Liberalismo missiológico: Absorve a cultura, mesmo em seus aspectos negativos, culminando em paganizarão da fé

• Evangelismo missional: Dialoga com a cultura absorvendo e respeitando os valores que servem ao evangelho, ao mesmo tempo em que rejeita aquelas noções, muitas vezes tidas como culturais, que estão em oposição ao evangelho de Cristo.

Exemplo de fundamentalismo missiológico: Igrejas plantadas por missionários europeus e estadunidenses em meados do século 19 e 20. Os missionários impunham padrões de vestimenta européia aos habitantes de países tropicais. Também importavam seus instrumentos e cânticos, não valorizando a cultura autóctone. Tal tendência pode ser observada nas igrejas pentecostais.

Exemplo de liberalismo missiológico: O movimento missionário cristão pós-constantino, que tinha como estratégia absorver a cultura dos países aos quais pregava, sem questionar a validade de tais práticas. Assim, a igreja sacramentalizou a cultura, colocando-a acima do evangelho. Tal tendência pode ser observada no catolicismo, no neopentecostalismo (contextualizando com a cultura capitalista) e no movimento emergente liberal, que trata questões como aborto e homossexualismo como demandas culturais, ao invés de práticas pecaminosas.

Exemplo de evangelismo missional: A pregação de Jesus a mulher samaritana, onde o mestre pregou a mensagem de salvação a partir do contexto cultural daquela mulher; Paulo no areópago de Atenas, ao citar os filósofos pagãos em sua mensagem, criando uma ponte cultural através da qual introduziu o evangelho.

No entanto, o evangelismo missional dialoga com a cultura, sem ignorar o fato das culturas estarem manchadas pelo pecado. Assim, ele reconhece que nem tudo que é tido pelo homem moderno como valor cultural é aceitável diante de Deus. No fundamentalismo missiológico, a cultura é ignorada; no liberalismo cultural ela é endeusada e sobreposta ao evangelho. Já o cristianismo missional conversa com as diferentes culturas usando-as como ferramenta de contextualização, ao mesmo tempo em que rejeita valores culturais que se opõem a mensagem cristocêntrica.

Usando a cultura em favor do evangelho: Construindo pontes culturais para pregar o evangelho em um ambiente cultural diversificado

Se pudermos resumir a missiologia urbana e transcultural em uma só palavra, esta palavra é contextualização. Contextualizar significa apresentar idéias e pensamentos levando em consideração o contexto das pessoas, de modo a comunicar os fatos com maior clareza. Houve um tempo em que a contextualização era um principio distante, uma ferramenta usada apenas pelos missionários transculturais. No entanto, as demandas do mundo moderno e o ambiente policultural fazem da contextualização uma ferramenta indispensável à igreja contemporânea. A igreja que não contextualizar sua mensagem fossilizará e se tornará irrelevante para a sociedade ao seu redor.

Em Atos 17, o apostolo Paulo fez seu célebre discurso no areópago de Atenas. Cercado pela elite intelectual daquela cidade, ele apresentou um sermão engajado, no qual citava de memória os filósofos e poetas gregos, demonstrando afinidade com os temas de predileção daqueles homens. E foi assim, começando pelos poetas gregos que o doutor dos gentios conduziu seus ouvintes a mensagem de arrependimento. Quando Paulo mencionou a ressurreição, muitos se escandalizaram e se foram, mas Dionísio e alguns dos presentes se converteram ao cristianismo. Paulo foi sábio porque soube usar a cultura em seu benefício, construindo uma ponte por meio da qual introduziu o evangelho.

O diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em João capítulo 4, também é fundamental para nosso entendimento acerca da contextualização. Nele, Jesus aborda o tema da salvação usando um dos elementos que fazia parte do cotidiano daquela mulher, a água. Ele era judeu, ela uma samaritana, e havia uma grande rivalidade entre ambos os grupos, mas Jesus iniciou seu diálogo a partir de um ponto em comum: o poço de Jacó (que era historicamente importante para judeus e samaritanos), e a sede existencial que todo ser humano tem. Assim, Jesus conseguiu apresentar o evangelho a mulher de forma eficaz, e ainda foi introduzido por ela a aldeia dos samaritanos.

Em todas as culturas existem determinados elementos que são comuns, e que devem ser explorados pela igreja em sua tarefa missionária. Uma igreja que deseja ser relevante deve estudar o grupo que deseja alcançar e, a partir desta analise, definir o tom da palestra, o estilo litúrgico, os ritmos musicais, a decoração do ambiente e definir as estratégias que facilitarão o diálogo com as pessoas que ela deseja alcançar. Se a igreja for “poli” ou “multicultural”, é bom que ela tenha programas específicos e ministros auxiliares que atuem como missionários para cada grupo alcançado (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, estudantes, universitários, profissionais, undergrounds, etc.). Não pode, porém, permitir que a abordagem ocasione divisão ideológica ou partidarismos, pois a igreja é um misto de povos, línguas, etnias, todos em torno de uma só verdade.

Por ultimo, deve-se sempre lembrar que na contextualização o que varia é a apresentação, e não o conteúdo. O missionário é aquele que apresenta a mesma verdade de diferentes modos à diferentes culturas, e não aquele que apresenta verdades diferentes a cada cultura. Os métodos podem variar, mas o conteúdo é sempre o mesmo.

Quando os valores culturais conflitam com o evangelho: Uma abordagem missiológica da cultura da América Ibero-hispana

Um vídeo divulgado pela JOCUM mostra crianças portadoras de deficiências sendo enterradas vivas pelos pais em uma aldeia indígena. Para os índios daquela tribo, tal prática é aceitável. Para os antropólogos, trata-se de uma questão cultural. Para o evangelho, aquilo é assassinato.

No Brasil, ainda existe uma forte tendência machista, que despreza o trabalho feminino. Mulheres que trabalham ganham menos, mesmo que exerçam a mesma função. Para grande parte dos homens brasileiros, isso é um valor cultural, mas para o evangelho, isto é acepção, por tanto, pecado.

Na América Hispana a mesma tendência cultural existe, sendo mais forte em algumas regiões. Demonstrações de afeto dos pais para com os filhos são tidas como fraqueza, e muitos maridos, por “imposição cultural”, maltratam suas mulheres e são violentos. Para a sociedade isso é cultura, mas para o evangelho, é pecado.

Nos EUA e na Europa, as pessoas tem desenvolvido uma tendência materialista e cética, onde o individualismo e o egoísmo são as marcas principais. O mesmo tem acontecido na América Latina, embora com menor intensidade. Este individualismo, egoísmo e ceticismo são todos nuances da cultura pós-moderna, mas são totalmente opostos ao evangelho, que é espiritual, coletivo e altruísta. O que os modernos sociólogos chamam de cultura, a bíblia chama de pecado.

Assim, podemos concluir que a abordagem comum que se faz da missiologia, que diz que o missionário deve coincidir totalmente com a cultura é sofisma. O evangelho não é uma esponja que simplesmente absorve a cultura, mas um poder que redime as culturas. A Palavra de Deus nos dá claro e amplo entendimento para discernir entre valores culturais e vícios morais. Quando se ignora isso, abrem-se as portas para o sincretistimo e paganizarão da religião cristã.

O princípio redentor da cultura na bíblia sagrada: Como o evangelho desafia os pressupostos culturais

Na bíblia vemos diversos exemplos que nos possibilitam vislumbrar os limites entre cultura e pecado. Talvez o primeiro deles seja a recomendação do Senhor ao seu povo, quando eles entram na Terra Prometida, de que eles não deviam seguir os caminhos das nações. Obviamente, muitas daquelas noções religiosas cananéias eram parte de uma cultura, mas elas não deviam ser absorvidas pelos hebreus.

Embora usado pelos missiólogos como paradigma de missionário transcultural, o estadista Daniel, juntamente com seus amigos, se recusou a comer dos manjares do Rei, e também não tomou do seu vinho, que era consagrado a ídolos. Eles estavam submersos na cultura babilônica, mas sabiam separar pressupostos culturais, conceitos morais e crenças religiosas.

Jesus em sua encarnação foi judeu em todo aspecto da existência. No entanto, o fato dele mesmo ser judeu e de estar contextualizando com os judeus não o impediu de denunciar a hipocrisia dos fariseus que lavavam as mãos cerimonialmente antes de comer, quando seus corações continuavam impuros. Ele também se levantou contra o costume de consagrar seus bens ao Senhor quando parentes próximos passavam necessidade. Jesus foi missionário transcultural, mas não se submeteu incondicionalmente a cultura hebréia. Ele a redimiu.

Tudo isso nos revela que o evangelho não é apenas um agente passivo e submisso à cultura, mas um agente transformador.

“O evangelho se submete à cultura na mesma proporção em que a cultura se submete ao evangelho, e desafia a cultura com a mesma intensidade que a cultura afronta a Palavra de Deus”

Conclusão

O tema deste estudo é na verdade uma incógnita no coração de muitos missionários urbanos e transculturais: “Como pregar o evangelho em um ambiente multicultural?”. Entendemos que a primeira coisa que o missionário deve fazer é encontrar a divisa entre a valorização da cultura e a absorção de valores opostos ao evangelho, posicionando-se de modo que lhe possibilite comunicar a mensagem de forma contextual e engajada, ao mesmo tempo em que resguarda os pressupostos absolutos contidos nas Escrituras.

Para isso ele deve usar a cultura a seu favor, rejeitando aqueles valores que, embora tidos por tendências culturais e modernas, se opõem ao evangelho. Ele deve dialogar com a cultura e usá-la como ferramenta pedagógica, mas não pode jamais endeusá-la, sobrepondo-a ao evangelho de Cristo. Por último, deve entender que o evangelho não é apenas um agente passivo e submisso à cultura, mas um agente transformador que muitas vezes se revela como principio contracultural, desafiando o status quo e redimindo a cultura ao nosso redor.

Questionário para discussão:

1. Quais as diferenças entre fundamentalismo missiológico, liberalismo missiológico e evangelismo missional? Onde podemos encontrar exemplos em nossa cultura?
2. O que significa contextualização? Apresente exemplos bíblicos de contextualização do evangelho.
3. Que estratégias sua igreja pode desenvolver para pregar o evangelho de um modo mais contextualizado?
4. O que pode acontecer com o missionário, quando ele não compreende que todas as culturas estão manchadas pelo pecado?
5. Apresente exemplos de tendências culturais que, embora em voga no mundo, não devem ser assimilados pelo evangelho.
6. Que comportamentos culturais da sua cidade o evangelho precisa redimir? Que comportamentos culturais na sua igreja não estão de acordo com o evangelho?
7. Apresente exemplos bíblicos de pessoas que rejeitaram ou mesmo se opuseram a valores culturais do seu tempo.
8. Como este estudo te ajudará a pregar o evangelho em um ambiente policultural e pós-moderno?

Fonte: NAPEC


segunda-feira, 4 de julho de 2011

05 de Julho - Independência de Cabo Verde



 

O conhecimento destas ilhas é provavelmente anterior à fixação no arquipélago dos portugueses. O seu achamento deu-se no século XV, quanto aos seus efectivos descobridores existe alguma polémica. As primeiras ilhas a serem descobertas foram provavelmente a de Santiago, Maio, Boavista e Sal, em 1460, pelo veneziano Cadamosto no decurso da segunda viagem ao longo da costa ocidental de África ao serviço de Portugal. As ilhas de Brava, São Nicolau, São Vicente, Rasa, Branca, Santa Luzia e Santo Antão terão sido descobertas, em 1462, por Diogo Afonso.

A colonização começou logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização a corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégio aos moradores de Santiago do comércio de escravos na Costa da Guiné.Foi estabelecida uma feitoria em Ribeira Grande (ilha de Santo Antão), ponto de escala para os navios portugueses.

Cabo Verde tinha então uma situação estratégica fundamental, não apenas para a exploração da costa africana e do caminho marítimo para a India, mas também para o trafego de escravos, o qual conhece entre os séculos XVI e finais do século XIX um grande incremento para as américas (Portugal, Espanha, Brasil, Indias Ocidentais, EUA, etc).

No final do século XV, Cabo Verde produzia cereais (milho), fruta e legumes, algodão, anil, gado (vacas, cavalos e burros).Estava em franca expansão a apanha e comercialização da Urzela e do sal.

O Porto de Ribeira Brava é no século XVI um verdadeiro mercado internacional de escravos e com menor importância destacavam-se o da Praia.

A situação económica do arquipélago agrava-se contudo durante a dominação filipina de Portugal (1580-1640), nomeadamente devido aos ataques dos piratas Ingleses, Holandeses e Franceses. Estes ataques prolongaram-se até ao princípio do século XVIII.

Na segunda metade do século XVII, termina a época dos arrendatários individuais no comércio de escravos. Em 1664 é fundada a Companhia Porto de Palmida, com capitais portugueses e franceses.

No século XVIII os portos de Cabo Verde, voltam a adquirir uma de enorme importância para as navegações de longo curso que cruzam esta zona do Atlântico. A caça à baleia, a partir do final do século contribui para reanimar os seus portos.

Marques de Pombal, em 1757, confia a administração destas ilhas à Companhia do Grã Pará e Maranhão, numa experiência que dura vinte anos. Mais uma vez, o que está em jogo é o comércio de escravos.

A aridez do território e a extrema irregularidade do clima tornaram-se um sério obstáculo ao desenvolvimento da agricultura. Entre as culturas que são introduzidas, destaca-se a do cultivo do café em 1790, primeiro na ilha de S. Vicente e depois nas restantes. Os resultados nunca se revelaram contudo muito auspiciosos.

Apesar dos acordos entre Portugal e a Inglaterra para a proibição do tráfico de escravos em Bissau e Cacheu (1810), e depois a sua interdição a norte do equador (1815), não terminam com este comércio na região. Muito pelo contrário assistiu-se mesmo ao seu incremento, embora feito de uma forma clandestina. Barcos espanhóis, franceses, brasileiros, ingleses, etc, escalavam dos portos de Cabo Verde cheios de escravos para o Brasil, EUA, Cuba e outras lugares com bandeiras portuguesas.

O fim efectivo do comércio de escravos, no último quartel do século XIX, provoca uma profunda crise nas ilhas. O desenvolvimento de plantações, acaba por ter efeitos devastadores no ambiente: a destruição de enormes manchas florestais para dar origem a explorações agrícolas agravam as condições de climatéricas em períodos de seca.A emigração torna-se no principal recurso para a sobrevivência da população a partir de meados do século XIX..

A posição estratégica de Cabo Verde, torna-se um ponto de escala obrigatório para os navios que se deslocam de e para o atlântico sul. Devido a esse facto foram então feitos importantes importantes investimentos no arquipélago. Entre os mais significativos destaca-se a colocação de faróis, e sobretudo a reconstrução do Porto Grande do Mindelo (Ilha de S.Vicente), para o abastecimento dos navios de carvão e óleos ( Wilson & Companhy, em 1885). A actividade portuária acabou por se tornar numa significativa fonte de receitas do arquipélago.

Nesta época foram também amarrados de cabos submarinos (Western Telegraph Company, em 1874), ligando Cabo Verde (Praia da Matiota em S. Vicente) à Madeira e depois ao Brasil. Em 1886 Cabo Verde ficou ligada a África e Europa através de cabo submarino.

Secas prolongadas e epidemias continuaram a provocar milhares de mortes e uma enorme emigração. A partir de 1880, estes emigrantes constituem já importantes comunidades permanentes nos portos baleiros dos EUA, como New Bedford, Providence, Nova Inglaterra, etc.

Em finais do século XIX, dezenas de milhares de Cabo-verdianos começaram a ser compelidos ao trabalho forçado nas plantações de São Tomé e Princípe. Entre 1900 e 1922, por exemplo, foram enviados para as plantações de São Tomé 23.978 Cabo-verdianos, pratica que se prolongou até 1974.

Nas primeiras décadas do século XX, Cabo Verde, conhece um singular desenvolvimento cultural e educativo, o que contrastava com a sua pobreza económica.

Em finais dos anos trinta do século XX, Cabo Verde, é dotada de um importante aeroporto, modernizado nos anos sessenta.

A luta pela independência eclode em 1964 na Guiné, conduzida por Amilcar Cabral pretende construir uma pátria comum com a Guiné. A economia Cabo-verdiana manteve-se ao longo de décadas deficitária, apesar da protecção que gozam os seus produtos em Portugal.

O derrube da ditadura em Portugal, a 25 de Abril de 1974, precipitou a Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. No dia 26 de Agosto de 1974, em Londres e depois em Argel, o governo português reconhece o Estado da Guiné-Bissau, assim como o direito de Cabo Verde à Independência. O PAIGC é também reconhecido como o único e legítimo representante dos povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Em Cabo Verde é constituído um Governo de transição, composto por cabo-verdianos e portugueses. A 30 de Junho de 1975 foi eleita uma Assembleia constituinte, composta por 56 deputados e 72 suplentes, com a participação de 84% dos eleitores. A lista única proposta pelo PAIGC recebeu 92% dos sufrágios expressos.

Esta Assembleia proclamou a Independência da República de Cabo Verde a 5 de Julho de 1975 e promulgou uma lei sobre a Organização Política do Estado que funcionou como uma Constituição até a aprovação desta na IX sessão legislativa de 5 de Setembro de 1980.

O Presidente da República foi eleito e alguns dias depois formou o primeiro Governo do Estado de Cabo Verde, dirigido por um Primeiro Ministro.

A unificação com a Guiné é abandonada em 1980, na sequência de um golpe de estado. O PAIGC dá lugar ao PAICV, restringido na sua acção a Cabo Verde.

Cabo Verde passou depois de 1975 a ser governado em regime de Partido único, segundo um modelo de inspiração marxista. Dadas as dificuldades económicas procurou seguir uma escrupulosa política de não alinhamento por nenhum dos blocos políticos em que o mundo se dividia. Algumas políticas pouco adequadas agravaram contudo, nos anos oitenta, os problemas do país.

Em 1991, foi finalmente estabelecido um regime democrático. Em Janeiro deste ano, nas primeiras eleições livres do país, Aristídes Pereira foi afastado da presidência e o PAICV saíu claramente derrotado nas eleições para a Assembleia Nacional. O novo presidente, António Mascarenhas Monteiro, antigo juíz do Supremo Tribunal, dirigia o principal partido da Oposição, o MPD (Movimento para a Democracia).

Apesar das enormes dificuldades, Cabo Verde apresenta hoje um panorama económico e social bastante promissor.
Fonte: C. Furtado.