segunda-feira, 30 de maio de 2011

José - Uma Perspectiva Missionária

Ao lermos a história do servo José, filho de Jacó, encontrada entre os capítulos 37 – 50 do Livro de Gênesis aprendemos algumas lições importantes relacionadas ao mundo missionário.
 - Deus move o coração de José através de sonhos.
Muitos não entenderam, outros o reprovaram e ainda teve quem ficou esperando pra ver (Gn. 37. 11).
Assim já aconteceu com tantos homens e mulheres que Deus tem movido o coração fazendo-os perceber que há algo grande e maravilhoso sendo preparado para eles no exercício da vida com Deus. Enfrentam a descrença em relação ao chamado, capacidade e motivações para o campo missionário.
- Deus, em Sua soberania, conduz José ao “campo” onde seria usado para servir de instrumento glorioso.
Deus, às vezes, utiliza-se de formas estranhas ou pouco convencionais para nos levar aos Seus propósitos.
Deus não motivou o coração dos irmãos de José para atentarem contra a vida dele, mas utilizou-se da maldade realizada por eles para conduzir José para o Egito. Transformou a maldição em benção!
- José agora está num “Campo Transcultural”.
Outro País, outra cultura, outro idioma, outra religião, outra economia.
E há outro agravante: José é um adolescente longe de papai e mamãe. Traído por seus irmãos, vendido como escravo. Vendido pela segunda vez, entra na propriedade de Potifar como um escravo doméstico.
José tinha tudo para se tornar alguém revoltado, problemático, rebelde e cheio de ódio. Mas, em Gênesis 39. 2 lemos um quadro diferente de como ele estava ao entrar no Egito como escravo:
“O Senhor estava com José, foi varão próspero”. Apesar de tudo que estava ocorrendo, isso quer dizer que, Deus estava cuidando dele espiritualmente, emocionalmente e fisicamente. A soberania de Deus estava sobre José, apesar das circunstâncias e em nenhum momento ele vai revoltar-se contra Deus.
Na casa de Potifar, em contato com a família e os demais escravos de seu senhor, José vai aprender o idioma, a cultura e sobre a religião daquele novo país.
 - O Senhor estava com José
Este é o grande diferencial!
É o que mais precisamos no campo onde ministramos. Não há dúvidas que o sustento completo é importante, verba para ministério, acesso a tecnologia, boas instalações para famílias ou equipe missionária, transporte, cuidado pastoral e qualquer outro recurso a disposição dos missionários fazem grande diferença no dia a dia na tarefa de expansão do Reino de Deus. Mas, se alguns destes recursos faltarem, deveremos seguir firmes da mesma forma. Seguir em frente mesmo assim. Pois o Senhor está conosco. José nunca ouviu diretamente uma palavra específica de Deus. Nós temos uma garantia da boca do Mestre amado: “Eis que estou convosco até o fim”. Mateus 28. 20
- As ciosas iriam complicar mais ainda.
Do ponto de vista humano, a situação de José seria agravada. Do ponto de vista divino, oportunidades estavam sendo geradas!
José foi testado em suas convicções espirituais e inteireza de caráter – Gênesis 39. 5-23ª e que
No vigor da juventude, podendo aproveitar-se das “vantagens” de um relacionamento promíscuo com a mulher do chefe. Ele diz não! E prefere honrar a seu patrão e ao Senhor dos altos céus!
Mais uma oportunidade vai surgir. A soberania de Deus não vai levar José apenas a prisão, mas a uma parte diferenciada da prisão. Ele não ficou entre presos comuns. Mas entre presos políticos, de influência e que viveram próximos a alta cúpula do palácio. No pavilhão real, José vai ouvir as histórias sobre a vida no palácio. Sobre política, relações exteriores, comércio e economia. Vai ter contato com um idioma mais sofisticado, mais refinado. Vai aprender sobre gestão de pessoas e administração, pois vai desenvolver sua capacidade de liderança na administração do pavilhão nobre da penitenciária.
Em todo este tempo José estava crescendo, amadurecendo, ampliando a visão, sendo lapidado e aperfeiçoado para algo grande que estava por vir.
E o melhor de tudo: Deus estava com José! (39. 21).
E nós, obreiros locais ou transculturais. Estamos colocando os olhos nas dificuldades que o campo nos apresenta ou nas oportunidades!? Focalizamos o que o inimigo está ou vem fazendo ou confiamos no que Deus está realizando em nosso favor, em nós e através de nós?
O que nosso contexto atual oferece de oportunidade para nosso crescimento e aprendizado? Para nosso aperfeiçoamento para ministérios e oportunidades futuras no contexto atual ou em campos futuros!?
A força de José para seguir em frente sem desanimar diante dos desafios consistia em:
Não esquecer os sonhos que Deus lhe deu  e Sua fidelidade em realiza-los -
Intimidade diária com Deus – “O Senhor estava com José”
Dizer não ao pecado e suas aparentes vantagens – Ele foge!
Capacidade de olhar adiante e não prender-se a mágoas do passado – Ele decide perdoar seus irmãos e abençoar toda a família.
Perceber e aproveitar oportunidades – Aproveitar todas as oportunidades para crescer
Não temer os desafios – Não temeu as posições que foram surgindo.
Saber transferir toda honra e toda glória ao Senhor – “Deus dará a resposta a Faraó” (41. 16).
Percepção da soberania de Deus em conduzir todas as coisas! – “Deus me enviou adiante da vossa face... não fostes vós que me enviastes para cá...” – (45. 7 e 8).
José foi a uma terra que não era sua, enfrentou cultura, idioma, religião e tantas outras coisas diferentes. Foi preso e sofreu as dificuldades da prisão. Apesar de tudo isso, foi chamado de Zafanate Panéia (O salvador do mundo). Não somos os salvadores do mundo atual, mas anunciamos que o Salvador, não apenas do Egito, mas de toda a humanidade está voltando, Jesus Cristo!
É provável que a maioria de nós nunca venhamos galgar posição semelhante a de José no Egito.
Mas, haverá posição maior que a de servir como Embaixador de Cristo representando-o até os confins da terra!?
Aos pés da Soberania de Deus,
Pr. William
 (Mensagem anunciada no Encontro de Missionários em São Vicente - Cabo Verde - Maio).








sexta-feira, 27 de maio de 2011

Desapontado com Deus

Facilmente ficamos desapontados com as pessoas; mas, e com Deus?

Margarida era uma cristã devota, esposa de pastor e ótima escritora. O casal teve dois filhos, ambos com fibrose cística, uma doença do pulmão, de fundo hereditário. Não importava quanto as crianças comessem, permaneciam sempre magras. Elas tossiam constantemente e tinham dificuldades para respirar. Duas vezes por dia, a mãe tinha que bater-lhes no peito para desalojar o muco acumulado, e frequentemente elas se engasgavam com os alimentos. Passavam várias semanas do ano no hospital, e as crianças cresceram sabendo que provavelmente morreriam antes de atingirem a fase adulta. José, infelizmente faleceu aos 12 anos. A irmã, contrariando todas as expectativas, viveu bem mais tempo. Parecia estar ficando cada vez mais forte, e as esperanças de cura eram altas, apesar de tudo. Mas, não houve milagre, embora os pais suplicassem fervorosamente aos amigos e à igreja; moça faleceu aos 23 anos, em meio ao maior sofrimento em uma cama de hospital.

Quantos neste mundo já não passaram por experiências semelhantes? Quantos não assistiram um ente querido ou amigo chegado, ser abatido, sem piedade, pela morte a pesar das orações ferventes dos pais e intercessão? Quantos não viram a esperança de construir um lar feliz, ir água à baixo, a despeito dos esforços para manter a união familiar?

Quando vemos tudo isso, achamos que Deus é injusto, e podemos ficar desapontados com Ele. Por que sou eu vítima de tantas provas, quando outros que não professam religião alguma levam uma vida aparentemente tranquila? Em tais circunstâncias somos tentados a exclamar como o salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.” Salmo 22:1-2. A impressão que temos, as vezes é que quanto mais precisamos de Deus, tanto mais, Deus parece distante e silencioso. Nosso ímpeto natural é orar como Isaías orou: “Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes se escoassem de diante da tua face” Isaías 64:1. Todos nós temos desejado em momentos críticos da nossa vida que Deus Se manifestasse de forma mais visível. Mas, se assim fosse, nossa fé não seria tão severamente provada.

É curioso que o coração humano se esquece facilmente das coisas que Deus faz. Mesmo Deus Se mostrando, muitos não creram ou se esqueceram das manifestações visíveis de Deus. Temos vários exemplos: Adão e Eva recebiam a presença de Deus na viração de cada dia, e nem por isso deixaram de comer do fruto proibido. Abrão e Moisés tiveram a manifestação pessoal de Deus, mas mesmo assim falharam. Jacó também falhou apesar da visão da escada que teve em Betel. O povo de Israel falhou miseravelmente no deserto, a despeito das lindas manifestações de Deus. Houve o maná, a nuvem durante o dia, a coluna de fogo durante a noite. As roupas e calçados que não envelheceram; mas assim mesmo o povo deixou de acreditar. No caso de Elias, fogo desceu do céu e consumiu a oferta do altar, e nem por isso o povo acreditou. No caso da ressurreição de Lázaro, o povo continuou incrédulo.

Deus fez tantas coisas gloriosas que estão relatadas na bíblia, e, mesmo assim o povo ficou endurecido. O seguinte verso aplica-se perfeitamente ao coração incrédulo e ingrato do ser humano: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” Lucas 16:31

Seria tão mais fácil e cómodo acreditar em Deus se todas as nossas orações fossem respondidas, do jeito e na hora que desejamos. Mas, se assim fosse Deus seria o nosso empregado, a realizar os pedidos dos seus patrões, que seríamos nós. A final de contas, Deus quer ser amado e respeitado não porque nossos pedidos são respondidos sempre de prontidão por Deus. Se cada oração fosse respondida da maneira como desejamos, estaríamos andando pela vista e não pela fé; e nossa devoção a Deus seria interesseira.

Promessas feitas no leito de enfermidade, são facilmente esquecidas por alguns.

Há um caso revelador em Jeremias 34 onde menciona que o povo de Israel, sitiado pelo exército dos caldeus, prometeu libertar os escravos, obedecendo a ordem divida de libertar após o 7º ano de serviço. Quando o perigo de ataque passou, o povo de Israel manteve os escravos cativos.

Esta foi a acusação no livro de Jó. Satanás disse que Jó, só era fiel a Deus porque ele estava cercado de bens e favores divinos. Mas que, se isso tudo fosse tirado, Jó blasfemaria de Deus.

Deus pode ser glorificado pela maneira como suportamos o sofrimento. Jesus poderia Se livrar da morte se quisesse, mas Ele fez a vontade de Deus, como vemos no verso a seguir: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” Mateus 26 39.

O nosso sofrimento pode parecer insignificante quando comparado ao sofrimento dos outros e do próprio Jesus. Mas, o modo como reagimos aos sofrimentos , repercute até no céu. Deus nos delegou a responsabilidade de vindicar Seu caráter diante do universo: “Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.” I Cor. 4:9

A grande questão não é se eu estou desapontado com Deus, mas sim, se Deus está desapontado comigo. A nossa capacidade de continuar amando Deus, mesmo diante das dificuldades, vai mostrar o tipo de fé e caráter que tenho desenvolvido.

Há um grande conforto em sabermos que não estamos sós em meio ao sofrimento: “Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.” I Pedro 5:9.

“E de todos os dons que o céu pode conceder aos homens, a participação com Cristo em Seus sofrimentos é a mais elevada honra.” D.T.N, 225

Que Deus nos abençoe.
(Recebi de um amigo)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cortejo Fúnebre Caboverdiano

Moro numa avenida bem movimentada chamada Avenida D'Holanda. Da janela de nosso AP podemos presenciar boa parte dos cortejos fúnebres, pois para chegar ao Cemitério, é preciso passar na Zona de Monte Sossego onde residimos. De nossa varanda podemos perceber traços religiosos, culturais e sociais também. Quanto maior for o cortejo isso sinaliza que o falecido era ou muito rico ou muito influente. O tipo do caixão e a quantidades de coroas de belas flores também apontam para isso. Uma banda com cinco ou dez músicos é contratada para acompanhar todo o percurso. A música é literalmente um lamento. É tão triste que até os desafetos do defunto choram.
Quando cada cortejo passa meu coração aperta em pensar sobre que destino teve a alma que deixou aquele corpo que vai naquele caixão? E outra pergunta muito me incomoda e me faz refletir sobre meu tempo e oportunidades aqui nesta Ilha. Tenho aproveitado as oportunidades que surgem para comunicar sobre a vida eterna? Pois, aquele que será deixado no cemitério pode ter passado em meu caminho. Oremos e estejamos atentos as oportunidades que Deus nos dá para comunicar a Palavra pois a morte está batendo as portas todos os dias.
Abaixo algumas fotos de um dos cortejos que registrei:





Pr. William