segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Que importa ao Missionário ganhar o mundo inteiro e perder a família!?

Tenho certeza que não sou nenhum exemplo de obreiro que sabe dividir bem seu tempo. Mas, estive pensando: como quero ser lembrado ao findar meu ministério?
 Louvo a Deus por começar a pensar nisso agora, ainda no início de um ministério transcultural. Pois nos cinco anos que pastoreei no Brasil, apesar de pouco tempo, tenho do que me arrepender e lamentar, no que diz respeito ao tempo e principalmente a qualidade do tempo destinado exclusivamente a minha família. Lembro bem que não poucas vezes deixei de estar com minha filha e dar-lhe atenção devida em situações importantes do seu mundo de criança porque tinha que estar “na obra” e “a obra está em primeiro lugar”.
Alguém inventou uma tal de “folga pastoral” dia de segunda feira. Não sei quem teve esta “brilhante” idéia que abracei por um bom tempo achando que estava dedicando um dia de folga para minha família. O interessante é que, nesta “segunda-feira de folga” tão especial, minha filha estava na escola pela manhã e minha esposa Rivânia estudava enfermagem à tarde. Que maravilha este “dia de folga para a família pastoral”, diga-se de passagem, nem na folga agente perde o estigma “pastoral”. Mulher de pastor não tem nome, filhos menos ainda e até a folga recebe uma nomenclatura diferenciada: Folga Pastoral. Acho que alguém tem medo que esqueçamos que somos pastores... Quem dera que esquecêssemos mesmo, ao menos na folga!
Uma folga em que a família não pode estar junta é no mínimo uma piada de mau gosto.
Os anos de ministério empregados com todo afinco e dedicação. As lágrimas derramadas por muitas almas ganhas e discipuladas, por igrejas plantadas nos lugares mais variados possíveis. O preço que foi pago, a dor e toda renúncia enfrentada no labor do ministério. Podem muito bem ser esquecidos diante de um fracasso familiar na vida de um pastor, obreiro, missionário.
É fácil para boa parte do povo de Deus lembrar algum obreiro mais pelo fracasso, deslize ou tragédia familiar do que pelos anos que ele dedicou a obra, a igreja. O obreiro que fracassa com sua família dificilmente vai ser lembrado pelas almas que ganhou, mas sim pela família que perdeu, pelos filhos que não conseguiu encaminhar para Cristo. “O pastor que perdeu a família”. Ganhou o mundo, mas perdeu a família.
Todos sabem que a família é nosso primeiro campo missionário, nosso primeiro sacerdócio. Mas é hora de deixar de saber e verdadeiramente fazer do zelo pelo campo missionário chamado família uma prioridade.


Li numa entrevista a respeito de um grande evangelista mundial, onde lhe foi perguntado do quê ele se arrependia e que faria diferente se pudesse voltar atrás? Ele respondeu de imediato: estaria mais tempo com minha família.
E aquela outra historinha do filho que quer pagar ao pai por uma hora do seu tempo apenas para estar com ele.
Lembro muito bem de uma experiência contada por uma missionária amiga. Dizia ela que certa vez, uma de suas filhas exclamou que “odiava” Deus! Devido seu papai pastor nunca ter tempo para estar com ela.
Gostaria muito de ser lembrado, ao findar meu ministério aqui em Cabo Verde, ou onde Deus quiser me levar, como um pastor que amou a obra até as últimas consequências, mas que nunca negligenciou o cuidado com suas meninas (a esposa Rivânia e a filha Samara). Quero, se possível, ganhar o mundo inteiro para Jesus, sabendo que simultaneamente cuidei da melhor forma das minhas primeiras ovelhinhas. As que estão em minha casa. Que moram comigo. Que mesmo que eu não fosse pastor ou missionário. Mesmo que eu esteja doente ou sem dinheiro. Com todos os defeitos que às vezes conseguimos esconder da igreja, mas não delas. Nunca vão deixar de me seguir. Sempre vão me amar. Do jeito que sou.


A igreja é do Senhor! A família, Ele me deu. Qualquer pastor pode cuidar da igreja. Mas para a minha família, o sacerdote escolhido sou eu.
Posso até um dia deixar de servir a igreja ou para a igreja. Pois somos limitados e temos um tempo de “vida útil ministerial” curto. Mas, pra elas, sempre serei especial. E sempre estarão a me esperar.
Cuidemos da Obra de Deus sem esquecer que pertence a Deus.
Cuidemos de nossa família que é onde começa e finda nosso ministério.
Pr. William – Mindelo –Cabo Verde

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